Então imaginem:
Lula resolve se tratar pelo SUS. A melhor maneira de conseguir uma internação mais depressa, todo mundo sabe, é entrar pelo Pronto Socorro. Lula chega com dona Marisa. Tosse. Está ofegante. A mocinha de plantão, que faz a triagem, não é médica. Mas o hospital está lotado. Melhor se livrar.
– Só deve ser uma gripe, senhor presidente. – Toma vitamina C, faz um cházinho de limão…
– Dói…não consigo respirar…– responde ele com voz rouca e sofrida.
– Ah, mas tá dando mesmo uma gripe brava. Eu tenho três partos na frente, quatro gays esfaqueados, seis pedestres atropelados por motoristas bêbados, oito policias feridos num confronto com marginais e 29 assaltantes baleados no confronto com os policiais… vai ter que ficar no fim da fila. O melhor é mandar o senhor para outro hospital, senhor presidente, mais confortável. Lembra, aquele que foi inaugurado no fim do seu governo, li no jornal que é ótimo.
– Aquele não! Só inauguramos a pedra fundamental! Ainda nem tem telhado!
– Então…deixa ver, tem outro aqui mais velho…o único problema é que falta médico. Mas vão dar um jeito pro senhor.
Algumas horas depois, o ex presidente chega a outro hospital. De fato, faltam médicos.
– Eu sou enfermeiro mas já peguei mais experiência que muito médico — diz um senhor assim que Lula é acomodado no corredor com outros dezesseis pacientes. — O senhor está mal da garganta? Vou dar um xarope, é tiro e queda.
– Eu preciso de um médico!
– Vai ter que esperar um pouco, os médicos estão em greve.
Três dias depois, um médico vai passando e vê nosso líder encolhido na maca, no corredor.
– O senhor não é o Lula?
– Sou sim.
– E o que está fazendo aqui?
– Estou doente, decidi me tratar pelo SUS por coerencia. — a rouquidão maior.
Tá doido? O senhor que era presidente não sabe que isso aqui é uma porcaria?
Lula finalmente ganha uma vaga num quarto. Dona Marisa providencia quentinhas, já que a comida é impossível, mesmo para um político coerente. Recebe o pedido de um Raio X.
– Quando vou fazer?
– Ainda não sabemos, o Raio X está quebrado. Acho melhor transferi-lo para outro hospital.
– Qual?
– Não tem um que foi inaugurado quando o senhor era presidente?
— Socorro!
E aguardemos os próximos capítulos!
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