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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sobrevoo mostra incêndio na terra indígena Arariboia, no Maranhão

Queimadas já consumiram mais de 45% da TI Arariboia (Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace)
A organização não governamental (ONG) Greenpeace divulgou nesta quarta-feira (28) imagens inéditas do trabalho de combate a um dos maiores incêndios florestais dentro de uma terra indígena (TI) já registrados no Brasil, na reserva Arariboia, área de Floresta Amazônica no Maranhão. O local com 413 mil hectares já teve mais de 45% de seu território consumido pelo fogo.

As equipes da ONG, acompanhadas pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a convite de lideranças indígenas da região, sobrevoaram e visitaram a TI Arariboia. “Foi chocante constatar a dimensão gigantesca da destruição e perceber que os Guajajara e Awá-Guajá são as grandes vítimas dessa tragédia. Além da erradicação do fogo, a maior preocupação é garantir a sobrevivência desses povos”, defende o ativista do Greenpeace, Danicley de Aguiar.

Sonia Guajajara, liderança Guajajara e moradora da TI Arariboia, acompanhou o sobrevoo e comentou o sofrimento para os povos da floresta.

“O que vai ser do meu povo, a vida não vai ser fácil, vamos sofrer muito sem nossa floresta. Não vamos abrir mão de defender nossas florestas e nossos irmãos”, afirma.

Avanço das queimadas - Doze mil índios da etinia Guajajara e 80 da Awá-Guajá estão ameaçados pelo incêndio floresta. Com o reforço de mais 80 homens do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBM-MA) nos últimos dias, já são mais de 330 brigadistas na Operação Awá, da Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em conjunto com o CBM-MA, Fundação Nacional do Índio (Funai) e reforços internacionais.

Em outubro, o governo do Maranhão declarou situação de emergência em 11 terras indígenas no estado. Além da Arariboia, a situação se estende às terras indígenas Geralda Toco Preto, Canabrava Guajajara, Governador, Krikati, Lagoa Comprida, Bacurizinho, Urucu, Juruá, Porquinhos e Kanela. Segundo lideranças indígenas, há focos ainda em Alto Turiaçu, do povo Ka’apor.

Um mapa elaborado pelo Greenpeace com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostra o avanço dos focos de calor dentro da TI Arariboia entre 19 e 25 de outubro. Os pontos em laranja são os do início das queimadas e os lilás são os focos mais recentes.

A aliança entre os brigadistas e os índios Guajajaras permite um combate mais eficaz e integrado do fogo na reserva e fiscalização da atuação de madeireiros na região. Em sua visita ao Maranhão, a presidente do Ibama, Marilene de Oliveira Ramos Murias dos Santos, se comprometeu em incorporar um grupo de 60 índios chamados de ‘guardiões’ ao trabalho de fiscalização e combate à ação de madeireiros na reserva indígena.

“Esse compromisso aqui com as lideranças indígenas de ampliação dos guardiões indígenas, que são aqueles que estão presentes aqui no território, todos os dias, que sabem como é a ação desses criminosos, ela vai nos auxiliar muito. Então nós queremos um trabalho integrado e saímos aqui com um compromisso com as lideranças indígenas de incorporar os guardiões ao nosso trabalho de fiscalização permanente”, disse Marilene Ramos.
Portal G1 Maranhão

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