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sábado, 1 de fevereiro de 2014

“Amor à Vida”: De incesto a beijo gay - a trama esquece a história

Por tudo que significa para a luta dos homossexuais por direitos iguais, o primeiro beijo entre dois homens no programa mais assistido na TV brasileira tem, de fato, valor histórico. “Amor à Vida” será lembrada por ter dado este passo, mas isso não desobriga o crítico de lembrar dos muitos problemas que a novela apresentou.

Em sua primeira incursão no horário das 21h, Walcyr Carrasco fez uma aposta maior no impacto que causaria sobre a audiência do que na história em si.

Na ocasião, observei que, entre as ousadias e bizarrices exibidas, além das nítidas influências externas, “Amor à Vida” corria o risco de gerar uma espécie de X-Tudo, um sanduíche com tantos ingredientes que mal se percebe o seu gosto.

Houve quem se desse ao trabalho de contar quantos temas polêmicos ou barulhentos foram levantados ao longo dos 211 capítulos. O número chega a 30, incluindo obesidade, virgindade, autismo, alcoolismo, diferentes doenças (câncer, lúpus, aids), incesto, transtorno obsessivo-compulsivo, amor entre árabes e judeus, namoro de mulher mais velha do que o homem, assédio moral etc.

Vendo a forma como estes temas entraram, passaram e foram esquecidos pela novela, é difícil acreditar que Carrasco estivesse seriamente interessado em discutir qualquer um deles. Por este motivo, entendo que o X-Tudo de “Amor à Vida” se destinava mais a fazer barulho e causar polêmica do que à história propriamente.

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