Por Leo Costa
Sociólogo e ex Prefeito de Barreirinhas
Neste
17 de abril de 2012, relembra-se (ou denuncia-se) o Golpe de Abril de
2009, quando forças do poder federal conseguiram dobrar o judiciário e o
próprio executivo nacional para entronizar a rebenta mimada do
Presidente do Senado e desalojar do Palácio dos Leões o Governador
Jackson Lago, legítima e democraticamente eleito pelo povo em 2006.
Roseana Sarney foi derrotada em 2006, com o povo nas ruas, praças e
avenidas das cidades entoando o é 12, é 12, é 12, numa euforia e
encantamento raramente assistidos neste pequeno reino esquecido do
Brasil, o pobre e rico Maranhão.
Roseana perdeu as eleições, mas 2 anos, 3 meses e 17 dias depois tomou
posse do Governo do Estado, interrompendo a Primavera Maranhense que se
estruturava e consolidava, do interior para a capital, da periferia para
o centro, do cidadão para o poder.
Iniciativas (luminosas para o povo e as regiões, mas tenebrosas e
ameaçadoras para a velha oligarquia decadente) até então inéditas,
produziam pânico, frenesi e histeria no arraial do poder oligárquico
que, a bem da verdade, combateu ferozmente o novo Governo desde o dia da
Vitória da Frente que tinha tudo para ser o dia da Derrota Final dessa
oligarquia.
Quem mais de perto
conhecia Jackson Lago sabia de seu jeito e de seu modus operandi na
condução do governo e no trato delicado de sua equipe de trabalho.
Jackson delegava poderes. Confiava nas pessoas nomeadas, dava-lhes
oportunidade de ser, de agir, e de criar. Aceitava sugestões, acreditava
no enfrentamento dos desafios e confiava que sua vida pessoal comedida e
quase ascética contaminasse sua equipe, inspirando-a até o ponto de
injetar ânimo, confiança e autoestima na própria população como um todo.
Seus inimigos lhe arremessavam o mundo nas costas, mas lá estava ele
nos Encontros Governo/Sociedade sentado no seu banquinho igualitário a
ouvir pessoas, lideranças, municípios e regiões. Dois dias seguidos,
reclamações, cobranças, críticas e sugestões. O caderninho estava na
mão, anotando tudo, assimilando a alma do povo, apreendendo as
prioridades locais e regionais. Não estava ali um vice-rei do governo
central, um representante de castas, classes ou até mesmo de partidos.
Ali estava um filho da terra, um cidadão identificado, um democrata
exemplar exorcizando os demônios da velha cultura autoritária
brasileira.
Jogaram-lhe contra o
peito e o sentimento a Operação Navalha, para indispô-lo com o país,
mais um capítulo na estratégia torpe de preparação do Golpe que
aceleradamente se articulava.
Até
mesmo o Excelentíssimo Sr. Presidente da República, em visitas
constantes a todos os rincões e estados do Brasil, não dava o ar de sua
graça por nossas bandas, privando-se da nossa alegria, companheirismo e
hospitalidade, quem sabe, para não correr o risco de contaminação da
Primavera Libertária que se operava no Maranhão… e todos sabem porque.
Sob ataque constante de todos os lados, governando basicamente com os
recursos estaduais, mas apoiado pelo arco político da Frente de
Libertação do Maranhão (já com a maioria dos prefeitos, dos deputados
federais e estaduais), Jackson implantava seu programa sonhado e os
novos programas e projetos que a lucidez e a criatividade da equipe iam
descortinando e implantando. Em curto espaço de tempo, o Governo
Jackson:
1) construiu 173 novas
escolas estaduais e preparava-se para, em 4 anos, entregar 300 escolas
grandes, belas e dignas à nossa juventude;
2) mudou o equivocado conceito de combate a pobreza, para o novo
conceito de geração de riqueza, no caso do importante Fundo Maranhense
de Combate à Pobreza, o FUMACOP;
3)
concluiu a emblemática Ponte da Liberdade de Imperatriz, amenizando a
desconfiança secular da região Sul com relação ao poder dominante da
região Norte do Estado;
4) projetou e
liberou de pronto a primeira parcela do Projeto de Perenização dos
Lagos da Baixada, o sonho de uma vida dos irmãos baixadeiros, dando
concretude ao popular Projeto das Águas Fujonas;
5) asfaltou a estrada Bacabeira/Turiaçu, levantando a alta estima de toda a região;
6) instalou o primeiro Pronto Socorro do interior do Estado, na cidade
de Presidente Dutra, e liberou recursos para os Prontos Socorros de
Pinheiro e de Imperatriz, com a determinação de instalar mais dois, em
Balsas e Chapadinha;
7) em várias
políticas públicas essenciais, encaminhou o Governo para conveniar
diretamente com os municípios, reconhecendo-lhes legitimidade
constitucional, reafirmando uma sólida crença na municipalização e no
conceito de subsidariedade;
obteve
da Assembleia Legislativa aprovação da nova regionalização do Estado,
preparando-o para a descentralização administrativa e a organização dos
Escritórios Regionais de Governo, inspirados no exitoso programa de
interiorização do desenvolvimento do Governo de Santa Catarina;
9) baseado no relacionamento profundamente democrático com as forças
produtivas de dentro e de fora do Estado, estabeleceu novos padrões de
atração e recebimento de investimentos sem barganhas obscuras e a
serviço pleno do interesse do futuro e do desenvolvimento;
10) num ato de rara coragem e destemor, transferiu as contas do
funcionalismo público estadual de banco privado para o Banco do Brasil,
atendendo ao clamor da massa de funcionários e zelando pelo fiel
cumprimento da Constituição Brasileira;
11) deu prosseguimento ao pioneiro projeto do Governador José Reinaldo
fortalecendo o Consórcio da Rota das Emoções, envolvendo as regiões de
Jericoaquara, no Ceará, do Delta do Parnaíba, no Piauí, e os Lençóis, no
Maranhão (Consórcio Interestadual de Turismo Maranhão-Piauí-Ceará);
12) apoiou resolutamente a ampliação da rede estadual da pedagogia da
alternância das Casas Familiares Rurais e das Escolas Família Agrícola,
tão necessárias e fundamentais para a estruturação do desenvolvimento
sustentável do campo maranhense.
Passo a passo com esse gigantesco esforço de reconstrução do
desenvolvimento do Estado, o Governador Jackson preparou-se para o
desfecho final do Governo com ações ousadas e revolucionárias na Capital
e na Ilha de São Luís. Um exemplo em marcha foi o Programa de Segurança
Cidadã, exitoso em São Luís e já esparramando-se pelas cidades do
interior maranhense, além de:
- o Projeto Habitacional Rio Anil, em construção acelerada;
- os viadutos do Calhau e Forquilha, com o dinheiro liberado para a Prefeitura de São Luís;
- a conclusão da Av. Litorânea, com recursos também liberados para a Prefeitura de São Luís.
- 400 quilômetros de asfalto por toda a ilha, recursos também liberado para a Prefeitura de São Luís;
- o Museu de Arte Contemporânea, concebido magistralmente pelo Oscar Niemayer.
Ao comentar (e denunciar) o infame Golpe de Abril de 2009 no Maranhão, nunca será exagero afirmar:
a) – Jackson Lago não foi derrubado pelos erros eventuais do seu
Governo, insignificantes frente à grandeza da obra política e
administrativa em execução;
b) -
Jackson Lago foi golpeado em razão dos seus acertos, cujo desdobramento
previsível seria a derrota e a derrocada definitiva da oligarquia Sarney
nas eleições de 2010 que se avizinhavam no Maranhão e no Brasil.
O Brasil inteiro se assustou. O Maranhão continua vergado sob o peso
desse campo de concentração de pobreza, corrupção e desesperança.
Se bem pensado, o 17 de abril deve ser considerado o Dia da Infâmia Política no Maranhão.