POR OSWALDO VIVIANI (JP)
Investigado pela Polícia Federal na operação “Boi Barrica” (rebatizada “Faktor”) e indiciado por cinco crimes financeiros, o empresário maranhense Fernando Sarney, um dos cinco vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), deve assumir a presidência da entidade por pelo menos um mês, após o pedido de licença de seis meses (180 dias) de Ricardo Teixeira, atual presidente. O pedido de Teixeira deve ocorrer ainda este mês. A informação é do jornal Folha de S. Paulo, edição de sábado (3), que noticia, ainda, que o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), se revezará no cargo com os outros quatro vices da CBF – José Maria Marin, Fábio Marcel Nogueira, Marco Antônio Ferreira e Weber Magalhães.
Oficialmente, a licença de Teixeira é motivada pela bateria de exames médicos que ele terá de fazer brevemente para definir o tratamento de uma diverticulite (inflamação na parede do cólon, ligado ao intestino grosso).
No entanto, a licença é vista por analistas da política que permeia o mundo do futebol como uma saída estratégica do “cartola”, em meio à disputa que ele vem travando com a cúpula da Fifa e com o governo federal sobre a Copa-2014.
O presidente da CBF ficou numa posição ainda mais delicada após a Folha mostrar sua ligação com a empresa de marketing esportivo Ailanto, acusada pelo Ministério Público de desvios na organização de amistoso entre as seleções de Brasil e Portugal em 2008. A empresa recebeu R$ 9 milhões pela partida.
Multifacetário – Acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, em agosto de 2008, de chefiar uma “organização criminosa” que atuava sangrando recursos federais em ao menos dois ministérios – Transportes e Minas e Energia –, Fernando Sarney é considerado um empresário multifacetário. Comanda o conglomerado de Comunicação da família Sarney (grupo Mirante) no Maranhão, mas também faz incursões nas áreas de entretenimento (espetáculos e shows das empresas Marafolia e Central da Folia, também investigadas na “Boi Barrica”) e esportes (Centro de Treinamento Maranhão do Sul, em Imperatriz, e time do Maranhão Basquete).
Reportagens na imprensa (jornais Folha e Lance!), em julho e agosto de 2009, apontaram Fernando como verdadeiro dono do clube-empresa Sport Club Maranhão do Sul – que teria como objetivo de abrigar e assistir, em seu moderno Centro de Treinamento, jogadores de categorias de base para depois negociá-los com clubes profissionais do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais.
Como a Fifa proíbe que dirigentes de entidades a ela filiadas exerçam cargos que provoquem conflitos de interesses, Fernando, segundo os jornais citados, teria posto um “laranja” – Nílson Barbosa – na presidência do Maranhão do Sul.
Time em Imperatriz – Em diálogo “grampeado” pela PF em 27 de março de 2008, no bojo da operação “Boi Barrica”, Fernando Sarney diz a um interlocutor não identificado que mantém um negócio de venda de jogadores de futebol no Maranhão. O empreendimento nunca foi declarado no Imposto de Renda do empresário.
Na conversa, Fernando confirma: “(…) Eu tenho hoje um CT [centro de treinamento], eu tenho 28 jogadores permanentes, até 17 anos, ótimos meninos. Quando você entrar nesse negócio aí, se tiver alguém de fora, Europa, você se lembra de mim, que a gente pode ganhar uma grana boa, tá bom?”.
“Eu tenho um negócio que, aqui em São Paulo, só o São Paulo tem, nem o Corinthians tem. Alojamento, os meninos moram lá. Eu vendi quatro para o Cruzeiro. Lindo!”, completa Fernando.
Maranhão Basquete – Recentemente, o empresário investiu na criação de um time de basquete feminino, o Maranhão Basquete – que tem como destaque a jogadora Iziane, da seleção brasileira. A equipe, patrocinada pelas empresas Nike e Gatorade, faz uma campanha pífia na Liga de Basquete Feminino (LBF). Está em 6º lugar entre os nove times que participam do torneio, com 9 derrotas e apenas 6 vitórias em 15 jogos. Hoje fará sua 16º partida, contra a equipe do Ourinhos (2ª colocada).
Nenhum comentário:
Postar um comentário