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segunda-feira, 5 de março de 2012

Indiciado pela PF, Fernando Sarney assumirá CBF por ao menos um mês


POR OSWALDO VIVIANI (JP)

Investigado pela Polícia Federal na operação “Boi Barrica” (rebatizada “Faktor”) e indiciado por cinco crimes financeiros, o empresário maranhense Fernando Sarney, um dos cinco vice-presidentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), deve assumir a presidência da entidade por pelo menos um mês, após o pedido de licença de seis meses (180 dias) de Ricardo Teixeira, atual presidente. O pedido de Teixeira deve ocorrer ainda este mês. A informação é do jornal Folha de S. Paulo, edição de sábado (3), que noticia, ainda, que o filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB), se revezará no cargo com os outros quatro vices da CBF – José Maria Marin, Fábio Marcel Nogueira, Marco Antônio Ferreira e Weber Magalhães.

De acordo com a Folha, o “rodízio” entre os vices já foi informado às 27 federações brasileiras de futebol, incluindo as que questionam eventual posse do vice José Maria Marin, de São Paulo, que assumiria em caso de renúncia por ser o mais velho entre os vices. Ricardo Teixeira preferia ter Marin na presidência durante todo o período de sua licença, mas optou por revezar os vices no poder para evitar crise com as federações, já que uma parte delas não gosta de Marin.

Oficialmente, a licença de Teixeira é motivada pela bateria de exames médicos que ele terá de fazer brevemente para definir o tratamento de uma diverticulite (inflamação na parede do cólon, ligado ao intestino grosso).

No entanto, a licença é vista por analistas da política que permeia o mundo do futebol como uma saída estratégica do “cartola”, em meio à disputa que ele vem travando com a cúpula da Fifa e com o governo federal sobre a Copa-2014.

O presidente da CBF ficou numa posição ainda mais delicada após a Folha mostrar sua ligação com a empresa de marketing esportivo Ailanto, acusada pelo Ministério Público de desvios na organização de amistoso entre as seleções de Brasil e Portugal em 2008. A empresa recebeu R$ 9 milhões pela partida.

Multifacetário – Acusado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, em agosto de 2008, de chefiar uma “organização criminosa” que atuava sangrando recursos federais em ao menos dois ministérios – Transportes e Minas e Energia –, Fernando Sarney é considerado um empresário multifacetário. Comanda o conglomerado de Comunicação da família Sarney (grupo Mirante) no Maranhão, mas também faz incursões nas áreas de entretenimento (espetáculos e shows das empresas Marafolia e Central da Folia, também investigadas na “Boi Barrica”) e esportes (Centro de Treinamento Maranhão do Sul, em Imperatriz, e time do Maranhão Basquete).

Reportagens na imprensa (jornais Folha e Lance!), em julho e agosto de 2009, apontaram Fernando como verdadeiro dono do clube-empresa Sport Club Maranhão do Sul – que teria como objetivo de abrigar e assistir, em seu moderno Centro de Treinamento, jogadores de categorias de base para depois negociá-los com clubes profissionais do eixo Rio-São Paulo-Minas Gerais.

Como a Fifa proíbe que dirigentes de entidades a ela filiadas exerçam cargos que provoquem conflitos de interesses, Fernando, segundo os jornais citados, teria posto um “laranja” – Nílson Barbosa – na presidência do Maranhão do Sul.

Time em Imperatriz – Em diálogo “grampeado” pela PF em 27 de março de 2008, no bojo da operação “Boi Barrica”, Fernando Sarney diz a um interlocutor não identificado que mantém um negócio de venda de jogadores de futebol no Maranhão. O empreendimento nunca foi declarado no Imposto de Renda do empresário.

Na conversa, Fernando confirma: “(…) Eu tenho hoje um CT [centro de treinamento], eu tenho 28 jogadores permanentes, até 17 anos, ótimos meninos. Quando você entrar nesse negócio aí, se tiver alguém de fora, Europa, você se lembra de mim, que a gente pode ganhar uma grana boa, tá bom?”.

“Eu tenho um negócio que, aqui em São Paulo, só o São Paulo tem, nem o Corinthians tem. Alojamento, os meninos moram lá. Eu vendi quatro para o Cruzeiro. Lindo!”, completa Fernando.

Maranhão Basquete – Recentemente, o empresário investiu na criação de um time de basquete feminino, o Maranhão Basquete – que tem como destaque a jogadora Iziane, da seleção brasileira. A equipe, patrocinada pelas empresas Nike e Gatorade, faz uma campanha pífia na Liga de Basquete Feminino (LBF). Está em 6º lugar entre os nove times que participam do torneio, com 9 derrotas e apenas 6 vitórias em 15 jogos. Hoje fará sua 16º partida, contra a equipe do Ourinhos (2ª colocada).

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