Por Márcio Palmares, técnico-administrativo em educação na UFPR e diretor do SINDITEST-PR. Indicado por Maria Valeria Correia.
Preparando o terreno para a privatização!
Desde
o início da semana, com base em reportagens realizadas pelo
“Fantástico”, a Rede Globo tem usado o “Jornal Nacional” para denunciar
esquemas de corrupção em licitações realizadas em Hospitais
Universitários e órgãos públicos do Rio de Janeiro.
As
reportagens são, de fato, impressionantes. Elas mostram como as
empresas privadas conseguem corromper funcionários públicos para fraudar
licitações, gerando com isso negócios milionários, em que os
prejudicados são a população e os cofres públicos. A repugnante “ética
do mercado” (explicitada por uma representante de uma das empresas
corruptoras), isto é, a lógica do capitalismo, do lucro, foi mostrada
para todo o país através da ação criminosa dos agentes das empresas
corruptoras.
O objetivo das denúncias, contudo, não é o de combater a corrupção.
Há
muita corrupção no Brasil, principalmente no interior do governo.
Seria possível revelar dezenas de esquemas de corrupção envolvendo
empreiteiras, bancos e multinacionais, a partir de suas negociatas
diretas com os chefes do poder executivo. Aliás, esse tem sido o método
usado pela oposição de direita (DEM e PSDB) para derrubar ministros do
governo Dilma. No Brasil, a corrupção é institucionalizada, praticada
sistematicamente pelos partidos políticos que comandam o país. O saque
aos cofres públicos e a depredação do Estado são formas de
enriquecimento usadas há muito tempo pela elite brasileira.
Então,
por que o estardalhaço repentino sobre fraudes em licitações ocorridas
em Hospitais Universitários? A resposta é simples: a Rede Globo,
trabalhando a pedido do governo e das grandes empresas da área de
saúde, está preparando a consciência da população para a privatização
dos HUs, através da EBSERH.
Receita de bolo da privatização
A
política de privatizações aplicada em nosso país desde a época do
governo Collor é bem conhecida: sucateamento dos órgãos públicos seguido
de campanhas de difamação na imprensa.
No
caso em questão, como não é possível atacar diretamente os Hospitais
Universitários, instituições que, apesar do sucateamento, prestam
serviços de alto nível, o foco da campanha do “Jornal Nacional” são as
licitações, o mínimo controle social que existe hoje sobre as compras e
contratação de serviços nos HUs. A intenção da reportagem é passar a
impressão de que as licitações não evitam a corrupção, as negociatas,
os privilégios, e que, no fim das contas, dá na mesma, com ou sem
licitação.
De certa forma, isso é
verdade. O problema, porém, não é a licitação em si, e sim a corrupção
dos agentes públicos. O governo deveria combater a corrupção, e não
criar uma empresa privada para gerir os
Hospitais Universitários.
Combater a corrupção, a “ética do mercado”, entregando os órgãos
públicos para a iniciativa privada é o mesmo que tentar apagar um
incêndio com gasolina.
A EBSERH não terá controle social
Uma
das supostas “vantagens” da EBSERH sobre a gestão pública dos
Hospitais Universitários — vantagens para os privatistas, obviamente —
seria a sua maior “flexibilidade” em matéria de compras e contratações.
No
Estatuto Social da nova empresa, as compras e contratações de serviços
ficarão a cargo do Conselho de Administração, sem qualquer tipo de
controle externo! Ora, se atualmente, com toda a burocracia dos
processos licitatórios, a máfia dos fornecedores, através da corrupção,
já consegue fechar “negócios da China” com os hospitais, como ficarão
as coisas depois que as compras forem totalmente secretas?
Governo DILMA: antes e depois
A
presidente Dilma Rousseff fez muitos discursos contra as privatizações
em sua campanha eleitoral. Assim que chegou ao poder, contudo,
completou o Programa Nacional de Desestatização iniciado por Collor de
Mello e aplicado a fundo por FHC. Antes de completar dois anos de
mandato, Dilma privatizou os Correios, os principais aeroportos do
país, parte da previdência dos servidores públicos (através do Funpresp)
e os Hospitais Universitários.
A
pergunta é: quem ganha com essas privatizações? Os trabalhadores ou os
capitalistas? A privatização favorece o interesse público ou favorece a
“ética do mercado”?
A resposta é
óbvia. Como dizia o velho Marx: “o governo do Estado moderno é apenas
um comitê para gerir os negócios comuns de toda a burguesia”.
SINDITEST-PR na luta contra a privatização do HC!
Neste
mês de abril, o SINDITEST intensificará mobilizações para barrar a
EBSERH na UFPR. Estas mobilizações já estão sendo construídas com o
movimento estudantil e a APUFPR-SSind. Nacionalmente, é a Frente
Nacional Contra a Privatização da Saúde que vem articulando essas ações.
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