Pelas redes sociais, o governador Flávio Dino (PCdoB) lamenta o desembolso de R$ 183 milhões, em janeiro, para pagamento de uma parcela da dívida que teria sido contraída pelo Governo do Estado, na gestão de Roseana Sarney (PMDB), sua antecessora, junto ao Bank of America. Ao reclamar do volume desembolsado, Sua Excelência diz que daria para fazer muita coisa, e daria mesmo, como, por exemplo, 522 "escolas dignas" que o governo pretende fazer para substituir pelos colégios de taipa e palha ainda existentes no interior maranhense, cuja cálculo já foi feito em outros blogs.
O que chama atenção nesse debate, além do volume da dívida, é o preço de uma "escola digna". Pelas imagens que se tem visto, a estrutura das escolas a serem substituídas não passam de quatro paredes, medindo menos de 10 metros quadrados, mas o modelo adotado para as novas construções é que foi sofisticado, pois, convenhamos, uma casa de R$ 350 mil, por quanto está avaliada cada nova escola, é uma senhora casa. Basta consultar qualquer imobiliária para ver o padrão de imóvel que daria para ser comprado por esse valor em áreas como Cohama, Cohafuma, Cohatrac, São Francisco e outros bairros de São Luís.
Com todo respeito que merecem as crianças que hoje frequentam as "escolas indignas", com muito menos daria para se construir um ambiente confortável e seguro para elas aprenderem ler e escrever e certamente a necessidade urgente para se criar o ambiente digno de educação não cobra das autoridades tanta sofisticação, até porque, mais do que custo com edificação, será necessária outra soma alta para manutenção. Vale ressaltar também que nenhuma dessas escolas é estadual, são todas municipais, portanto quem vai custear o funcionamento são as prefeituras, que nunca fizeram nada para melhorar a estrutura atual, e nesse bolo entram prefeitos de "esquerda" e de "direita".
Pelo que tem anunciado o governador, até o final de sua gestão devem ser inauguradas cerca de 110 escolas com esse novo padrão, ou seja, menos de uma por município (são 217 no estado). Sabe-se lá, o que isto vai impactar na melhoria da educação maranhense como um todo. O custo para esse total de escolas será de algo em torno de R$ 35 milhões.
O leitor deve recordar também que o Estado, na atual gestão, contratou um serviço de assessoria de imprensa e marketing, para promover a imagem do governo nacional e internacionalmente, ao preço de R$ 6 milhões ao ano, ou seja, R$ 24 milhões nos quatro anos do mandato de Flávio Dino. Por esse valor, o governo construiria mais de 68 escolas dignas. Se fosse mais econômico no preço de cada escola, quem sabe daria para construir mais de 136, baixando-se o custo para metade. Mas se uma escola custasse R$ 100 mil, seria possível construir 240. Por esse preço aqui estimado, de R$ 100 mil, com o valor da amortização da dívida daria para se construir mais de 1.500 escolas dignas, e aí sim, o Maranhão poderia ser um estado mais justo. Sem querer exagerar, uma escola digna por R$ 80 mil estaria bem construída, e a amortização da dívida daria para cerca de 2.300 unidades, ou o custo da assessoria de imprensa daria para construir 300.
Por Aquiles Emir
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