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quinta-feira, 27 de março de 2014

Brasileiro ainda considera mulher responsável por violência sexual, diz estudo

Estudo do Ipea aponta que para 42,7% dos brasileiros "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas"

A maioria dos brasileiros ainda considera a mulher como responsável pela violência sexual, de acordo com estudo divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Para a pesquisa, foram entrevistadas 3.810 pessoas entre maio e junho do ano passado. 

Para 35,3% dos entrevistados, "se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros" e para 42,7%, "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". Jovens e moradores das regiões sul e sudeste têm menos chances de culpar o comportamento feminino pela violência sexual. A chance também é menor à medida em que aumenta o nivel educacional do entrevistado. Católicos têm chances 1,4 maior de concordar total ou parcialmente com a afirmação. Entre evangélicos, a chance é 1,5 vez maior.

O estudo aponta ambiguidade no discurso do brasileiro. Enquanto 91% dos entrevistados concordam que "homem que bate na esposa tem que ir para a cadeia", 66,6% acreditam que roupa suja se lava em casa", 47,2% consideram que "em briga de marido e mulher, ninguém mete a colher" e outros 58,3% atestam que "o que acontece com o casal em casa não interessa aos outros". Ao mesmo tempo em que se considera que desavenças familiares devem ser resolvidas de forma privada, a punição de maridos agressores com prisão tem grande aceitação.

Para 40,9% "os homens devem ser a cabeça do lar", 50,9% consideram que "toda mulher sonha em se casar" e 28,6% que "uma mulher só se sente realizada quando tem filhos".

De acordo com o estudo, 56,9% dos brasileiros discordam que "a questão da violência contra as mulheres recebe mais importância do que merece" e outros 54% contestam a afirmação "mulher casada deve satisfazer o marido na cama, mesmo quando não tem vontade". Além disso, 89% discordaram que “um homem pode xingar e gritar com sua própria mulher”.

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