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terça-feira, 12 de maio de 2015

Graça disse que Lava-Jato foi ‘tenebroso’ e defendeu o fim da refinaria premium I

Atas e áudios de reuniões do Conselho de Administração da Petrobras mostram a ex-presidente da empresa Graça Foster admitindo que a estatal era míope diante da corrupção e que a Operação Lava-Jato foi um “fato tenebroso” para a companhia. Numa dessas reuniões, o conselheiro Silvio Sinedino, representante dos funcionários, disse que não adiantava a criação de uma diretoria de governança (controle interno) na companhia. E que só os “peões” eram alvo de investigação.

Na reunião de 4 de novembro de 2014, Graça defendeu a interrupção dos projetos das refinarias Premium 1 (MA) e Premium 2 (CE). Segundo ela, a companhia estava sem recursos. Além disso, seria temerário continuar os projetos sem terminar a investigação interna sobre denúncias de corrupção.

— A gente tem muito receio e não deve começar a fazer outro grande projeto enquanto não tivermos percorrido todas as etapas das investigações que estamos fazendo na Petrobras — afirmou: — Hoje, com a miopia que eu tenho dentro da companhia em relação a corrupção, eu não começaria um projeto de uma nova refinaria.

— Tem a questão da corrupção, mas também do cenário econômico. Talvez essas refinarias não sejam viáveis — acrescentou o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Conselho de Administração Guido Mantega.

Na reunião de 25 de novembro de 2014, quando seria aprovada a criação da Diretoria de Governança, Risco e Conformidade, Graça defendeu medidas anteriores tomadas pela empresa de combate à corrupção. Mas, segundo ela, isso não foi capaz de impedir desvios:

— Mesmo com esse trabalho que há alguns anos a Petrobras vem fazendo, criando gerências voltadas para a busca da conformidade, ainda assim não nos livramos desse fato tenebroso para nossa companhia, que se chama Operação Lava-Jato. Depoimento do ex-diretor Paulo Roberto, depoimento do senhor Alberto Youssef impediram que a Petrobras tivesse prontas a aprovação e a divulgação de suas demonstrações contábeis. Esse evento dessa Operação Lava-Jato nos impediu de concluir, de publicar nosso balanço revisado pelo Price (PricewaterhouseCoopers), o que vem prejudicando ainda mais nossa imagem e, certamente, reduzindo a confiança do mercado na nossa governança e nos nossos controles internos. Ficou patente que deveríamos dedicar um tempo maior na organização de uma diretoria de compliance — disse Graça.

A aprovação da criação da diretoria foi unânime, mas a proposta foi criticada pelo conselheiro Sílvio Sinedino.

— Acho que a simples criação dessa diretoria não resolve nosso problema. Há governança na Petrobras. Ninguém pode dizer que não há. A governança hoje funciona para os peões. Se um operador de refinaria erra uma permissão de trabalho, é severamente punido. Já os diretores puderam comprar a refinaria de Pasadena sem EVTE (estudo de viabilidade técnica e econômica) (...) Governança existia. Só que só funciona para baixo — questionou.

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