Brasília vive uma terrível crise, de natureza política e moral. Entrando para o terceiro mês do seu segundo mandato, a presidente Dilma não governa, está acuada, tem uma equipe amadora no comando da política. Nem a liberação da “lista de Janot”, que não tem ainda os nomes por causa do segredo de justiça, trouxe o alívio político.
A impressão é que serviu para agravar ainda mais a crise. Achando que seu nome apareceu na lista por arte do “fogo amigo”, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), teve um chilique, manifestado no gesto de devolver a chamada MP da Desoneração, que aumenta a carga tributária das empresas.
Para quem esteve com Renan, ele quis mandar o seguinte recado: se a presidente acha que poderá escapar de danos do escândalo Lava Jato, transferindo parte do desgaste para o Congresso, o tiro por sair pela culatra, porque o PMDB, o mais atingido, pode reforçar a oposição ao governo.
Segundo maior partido da base, o PMDB foi atingido mortalmente, com a inclusão dos dois dirigentes das Casas Legislativas: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), da Câmara, e Renan, do Senado. Há quem diga que os oposicionistas têm interesse em enfraquecer Dilma com a intenção de minar uma eventual candidatura de Lula em 2018.
Isso ficou muito claro com o entusiasmo juvenil em cima da decisão de Renan. Até então um aliado poderoso, o presidente do Senado se afasta do Governo em consequência dos efeitos da lista Janot. Mas diz que o senador já estava contrariado com o governo por outras questões, como o poder sobre o Ministério do Turismo e a relação ruim com o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil).
Como não houve uma divulgação oficial dos nomes da lista de Janot, que traz 54 políticos e o pedido de abertura de inquérito para investigar 28 do total, não dá ainda para medir a dimensão exata do efeito político. Pedidos de abertura de inquérito significam que o procurador-geral da República quer investigar mais.
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