Josie Jeronimo-Isto é: A cenas pavorosas de violência no Maranhão provocaram revolta e perplexidade, mas elas são acima de tudo o retrato de um velho fenômeno brasileiro: o crime organizado detentor de poderes sem limites. Mais do que isso: a criminalidade brutal ilustra a inépcia das autoridades. Elas falharam em conter, na década de 70, o aparecimento das primeiras facções em presídios do Rio, organizações que mais tarde se alastraram para as carceragens paulistas e depois, como uma epidemia, chegaram a inúmeros Estados. Tudo isso às vistas de governos de diversas colorações partidárias.
Diversos fatores podem ser atribuídos à escalada da violência, mas o poder público, que deveria ser o escudo contra a criminalidade, teve um papel decisivo na disseminação do fenômeno. A estratégia de espalhar líderes do crime organizado para cárceres no Brasil inteiro não enfraqueceu as facções, como imaginaram os gestores da segurança, mas possibilitou a elas criar ramificações. O resultado está aí, nas imagens grotescas vindas do Maranhão.
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