A declaração de Michel Temer de que o país precisa de “alguém que tenha capacidade de reunificar todos” animou a oposição e a ala do PMDB que prega o rompimento com Dilma Rousseff.
O grupo trata a declaração como o primeiro sinal público de que o vice se convenceu de que o país não sairá da crise sob o comando de Dilma. Aliados do vice reconhecem que a fala dá margem a essa interpretação, mas sustentam que ele quis exortar o Congresso a se unir em prol do país. A informação é de Vera Magalhães, hoje na sua coluna da Folha de S.Paulo.
A entrevista do vice foi precedida de tensa reunião com líderes de partidos aliados na Câmara. Orlando Silva (PC do B) chegou a dizer que a única solução seria recomeçar o governo “do zero”.
De um participante: “Foi uma lavação de roupa suja tremenda. O problema é que a água acabou e a roupa continua encardida”. Já no encontro com senadores, que estão dispostos a ajudar, Temer chamou a atenção pelo pessimismo inusual. “Nossa situação é difícil e não é hora para sorrisinhos”, disse.
É grave: Temer ouviu Dilma antes do desabafo: O vice-presidente Michel Temer conversou com a presidente Dilma Rousseff antes de conceder entrevista na qual afirmou que a situação do país é "grave" e fez um apelo por união nacional. Foi uma conversa realista. O vice contou como tinha sido a reunião que teve nesta quarta-feira com senadores e deputados da base aliada. Disse que ficou preocupado com a conversa com os líderes da Câmara.
Diante disso, foi enfático com Dilma: “Presidente não dá. Temos que admitir que tem a crise e que a crise é grave!”. E continuou: “O país está acima de instituições, do governo e do Congresso. Por isso, temos que mandar um recado explícito, claro para a sociedade.” A informação é de Gerson Camarotti, no seu blog.
Já Kennedy Alencar diz no seu blog que a reunião da tarde com os líderes partidários na Câmara foi tão ruim que Michel Temer, vice-presidente da República e articulador político, fez um apelo público ao Congresso para que não votasse projetos que aumentam os gastos públicos.
"O gesto de Temer é sinal da gravidade da crise política. Mostra que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acelerou ações para enfraquecer o governo e tentar viabilizar a abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Na reunião com Temer, aliados do governo fizeram queixas e disseram que não têm como segurar os deputados. Ou seja, o governo teria perdido o controle da sua base de apoio na Câmara. E a tendência é que sofra derrotas ao votar projetos da chamada “pauta bomba”.
No levantamento anterior, realizado na terceira semana de junho, 65% dos entrevistados viam o governo Dilma como ruim ou péssimo.
O grupo dos que consideram a atuação da petista ótima ou boa variou para baixo, dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Em junho, 10% dos consultados pelo Datafolha mantinham essa opinião. Agora, são 8%.
O cenário piorou para a presidente Dilma também no que diz respeito a um eventual pedido de impeachment.
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