Ainda este mês um forno da Margusa, localizada em Bacabeira, será acionado para a retomada da produção de ferro-gusa e a previsão é que até o início do segundo semestre de 2016 o setor esteja operando novamente com toda sua capacidade no Estado.
A retomada da produção, como explica o diretor da empresa Luiz Otávio Fonseca, se deve ao ambiente favorável do comércio internacional com a elevação do câmbio do dólar norte-americano, que voltou ficar atraente para as empresas exportadoras.
Outro fator influenciado pelo mercado internacional foi a queda no preço do minério de ferro internamente, pois, como a China diminui suas importações, a Vale baixou o valor do produto, oferecendo assim mais rentabilidade para as empresas processadoras. Com a retomada das operações, os cerca de 200 empregados da Margusa serão chamados de volta para reocuparem seus postos de trabalho, já que praticamente não houve demissões, apenas afastamento, tendo boa parte recorrido ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os demais foram mantidos, mesmo com as atividades paralisadas.
De acordo com o presidente do Grupo, Antônio Pontes Fonseca, a opção para que os trabalhadores não tivessem seus vínculos cortados foi porque a empresa tinha consciência de que a crise seria passageira e se tornaria mais caro um novo processo de formação de equipe, já que exige treinamento dos operários, do que suportar por alguns meses o pagamento dos salários.
Produção - Com uma capacidade instalada para produzir 250 mil toneladas/ano, a Margusa conta com dois altos fornos, que processam 20 mil toneladas/mês. Com a reativação de apenas um, a produção deve ser retomada com 10 mil toneladas, mas tudo indica que até o início do próximo ano a empresa esteja funcionando a pleno vapor.
Antônio Fonseca acredita que as demais indústrias, de Pindaré-Mirim e de Açailândia, pouco-a-pouco retomarão suas atividades e o setor voltará à sua plenitude até o segundo semestre do próximo ano. Para Antônio Fonseca, com o câmbio elevado, o ferro-gusa do Brasil voltou a encontrar mercado nos Estados Unidos e em países europeus, que haviam se fechado devido à oferta do produto a preços mais atraentes por outros fornecedores. “Não podemos afirmar se o câmbio alto é bom ou ruim, mas ele é justo”, observa.
Além do comércio do ferro-gusa, as industrias vêm sendo favorecidas com o surgimento de muitas fábricas de cimento, que utilizam a escória de ferro como matéria prima. A Margusa, por exemplo, se associou ao grupo francês LafargeHolcim para criação da Icibra, que vai produzir o cimento Lafarge Super, utilizando a mesma estrutura deixada pela Metalmam, em Bacabeira.
Retomada - O presidente do Sindicato das Indústrias de Ferro-Gusa, Cláudio Azevedo, diz que, apesar do otimismo com a retomada das atividades, algumas pendências ainda precisam ser resolvidas para que o setor volte à sua capacidade normal. Uma delas seria a liberação dos créditos de ICMS que têm no Governo do Estado, gerados pelos efeitos da Lei Kandir. Outra pendência seria a emissão das licenças ambientais para as indústrias voltarem a operar.
Cláudio Azevedo diz que o abalo sofrido pelas indústrias de ferro-gusa trouxe graves consequências para o Estado. Em Açailândia, por exemplo, centenas de empregos foram encerrados e também perderam renda quem atuava indiretamente nessas empresas. O mesmo teria ocorrido em Marabá (PA), onde o impacto no comércio foi muito forte a ponto de até mesmo shopping-centers terem diminuído suas operações.
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